domingo, 27 de outubro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
FALANDO DO BICO PRA
FORA!
(Parte
1)
Sempre
no mesmo dia (às sextas-feiras), na mesma hora (final da tarde) e no mesmo local
(uma frondosa árvore) eles se reuniam para molhar o bico.
Eram
muitos, chegavam aos bandos. Até quem não era convidado aparecia pra dar uma
bicada, aliás, o que não faltava era bico.
Mas
qualquer um que aparecesse por lá era recebido de asas abertas.
O
papagaio chegou falando igual maritaca, nervoso, por que ele veio voando para o
encontro e não sabia que tinham colocado pardal pelo caminho que ele sempre
costumava fazer!
O
periquito chamou o papagaio de curió, por que todo mundo sabe que tem pardal
pra todo lado! O papagaio falou pra ele sossegar a periquita! A garça achou
graça! O papagaio, irritado, mandou a garça dá no pé!
A
garça respondeu:
-
“Quem dá o pé aqui é você Lôro”!
O
papagaio xingou:
-
“Eu vou dá é no pé do seu ouvido”!
O
ganso tratou de alertar o papagaio:
-
“Cuidado com a lei Maria da Pena”!
O
papagaio ficou irritado com o ganso:
-
“E se bobear eu ainda te afogo, ganso”!
Enquanto
isso, lá em cima na copa (da árvore), o passo-preto ia dar o primeiro passo pra
cantar a ararinha-azul, quando o azulão, marido dela, chegou! O azulão ficou
vermelho de raiva e o passo-preto ficou com o tuiuiú na mão!
Lá
embaixo, no pé da árvore, a galinha tava com o ovo atravessado por que não
conseguia subir até os galhos. O tucano, que já estava bicudo, gritou lá de
cima para a galinha ouvir:
-
“Deus não dá asa à cobra”!
A
galinha gritou de volta:
-
“Mas eu não sou cobra, eu sou uma galinha”!
O
tucano cutucou de novo:
-
“Tô ligado que você é uma galinha... Tá procurando o pintinho”?
-
“Pro seu governo tucano, fique sabendo que o pintinho foi ver o pai dele jogar
bola”!
-
“Foi ver o galo jogar? Tadinho, vocês não tem dó dele não?”.
-
“Eu tenho pena é de você que vai ficar todo despenado quando cair esborrachado aqui no chão, por que você tá
bicudo”!
- “Abaixa a crista aí galinha! Fica calma que logo
passa uma cobra aí arrastando a asinha pro seu lado!”.
A
galinha ficou puta da vida, mas deu o troco:
-
“Cobra arrastando a asinha pro meu lado? Deus não dá asa à cobra, esqueceu?!”.
O
avestruz, que estava lá embaixo ao lado da galinha, soltou uma gargalhada. O
tucano, bicudo, quis saber:
-
“Quem é esse pescoço que tá bicando a conversa e rindo aí?”.
O
sabiá, ressabiado, suspirou: “Ave Maria...”.
“Ave
Maria não, avestruz, eu sou um avestruz”, veio à voz lá de baixo.
Mas
bate-boca, ou melhor, bate-bico, era normal de acontecer nesses encontros,
afinal de contas, a reunião era regada a muita água que passarinho não bebe e
muita música!
E
dessa vez, o show ficou por conta da dupla Pica e Pau, que agitou a galera
cantando o sucesso “Hoje a jiripoca vai piá”!
Em
meio aquela festança toda, o joão-de-barro, pedreiro de mão cheia, só estava
interessado em dar os últimos retoques na sua casa.
Na
verdade ele tava enfeitando o pavão, por que sua casa já estava prontinha para
morar... Só faltava uma companheira.
(Continua)
(Continuação)
(Continuação)
Faltava...
Por que quando a coruja viu aquela mansão de barro, feita pelo João, ela ficou
encantada e sua cabeça ficou girando! A partir de então, é lá que a coruja
dorme! Junto com o João-de-barro, claro!
O
urubu chegou pousando ao lado daquele ninho de barro e perguntou ao João se ali
era uma pousada! A coruja saiu lá de dentro querendo imbicar o urubu:
-
“Pousada? Você acha que aqui é a casa da mãe Joana”?
-
“Não, eu acho que aqui é a casa do João, mas eu fiquei sabendo que você tá
dormindo aí coruja...”!
-
“Ah é? E eu posso saber como é que você ficou sabendo”?
O
urubu fingiu de bobo:
-
“Foi um passarinho verde que me contou”!
A
coruja ficou uma arara:
-
“E o que mais que o passarinho verde idiota te contou”?
-
“Contou que tem casal aí que vai receber a visita da cegonha”.
-
“Já tão inventando que eu vou ser mãe?!”.
O
urubu comentou:
-
“Não citaram nomes, mas independente de quem for, acho que você seria uma boa
mãe, coruja”!
-
“Vira essa boca pra lá urubu”!
-
“Por quê? Tô com mau hálito”?
-
“Não, você tá é com urucubaca pra cima de mim! Eu não quero saber de bebê por
agora”!
O
canarinho chegou trocando as pernas, aliás, trocando as asas e cantando de
galo:
-
“Quem não quer beber agora”?
-
“Não é pro seu bico”! Respondeu a coruja impaciente!
O
urubu quase botou as tripas pra fora de tanto rir!
-
“Por que você tá rachando os bico urubu”?
-
“Se eu fosse você, eu saía voando daqui canarinho, senão você vai tomar outra”!
-
“Já tomei umas e vou tomar outras... Hoje eu quero-quero tomar todas, até
chamar urubu de meu lôro”!
-
“Não vai me chamar de lôro nada! Pode ir cortando suas asinhas meu amigo!”.
-
“Por falar em amigo, vâmo ali comigo urubu, que eu vou te apresentar um canarinho
amigo meu”.
-
“Apresentar um amigo seu? Você não tá nem conseguindo falar canarinho”!
-
“Quem não tá conseguindo falar é esse amigo meu! Ele até tentou, mas eu não
consegui entender nada”!
-
“Tá vendo como você já tá ruim canarinho!? Não conseguiu entender nem o que seu
amigo tava falando, e olha que ele fala a sua língua”!
-
“Ele não fala a minha língua não”!
-
“Mas você disse agora que seu amigo também é um canarinho”!
-
“Belga! Ele é um canarinho belga e não entende o português! E eu não entendo tico-tico
nenhum que ele fala! Entendeu?”.
-
“Entendi, não precisa falar mais nada... Vai lá e canta”!
-
“Eu ir lá e cantar ele? Tá me estranhando urubu?”.
-
“Cantar ele não! Vai lá e canta com ele por que quem canta seus males
espanta!”.
-
“Eu vou é beber mais”!
-
“Bem, te vi, te aconselhei, mas se você quer beber mais, o problema é seu
canarinho! Ema, ema, ema, cada um com seus problemas!”.
-
“Você não vai molhar o bico urubu?”.
-
“Meu estômago embrulha só de sentir o seu bafo de álcool”.
-
“Ah falô viu... E o seu bafo de carniça é muito agradável”.
A
festança continuava com a dupla Pica e Pau que começou a cantar os sucessos da
banda “Asa de Águia”!
A
pombinha passou voando com a rolinha atrás, enquanto o gavião tentava comer o
ovo da codorna! E naquela confusão toda, o pato acabou machucando a pata e entrou
“pelicano”!
A
festa terminou tarde da noite! Em pouco tempo, todos já tinham levantado voo e não
se ouvia mais nenhum pio vindo da frondosa árvore! Mas na semana seguinte todos
estariam reunidos ali de novo, para esse divertido encontro que era sempre do
peru!
(Caju)
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
O
PARAÍSO DOS GUARDA-CHUVAS
Guarde
bem o que eu vou dizer: Os guarda-chuvas têm vida própria!
Ao
comprar um guarda-chuva, saiba que em breve ele não será mais seu! Por isso, é
melhor não se apegar e nem criar nenhum vínculo sentimental com o seu guarda-chuva,
por que quando você menos esperar, ele vai te deixar sem deixar pistas pra onde
foi!
O
guarda-chuva não nasceu para ter dono!
Não
existe nenhum relato que comprove um caso de relação duradoura entre o homem e
o guarda-chuva!
O
guarda-chuva é um objeto independente, dotado de um poder sobrenatural de se
tornar invisível e desaparecer sem deixar vestígios!
Todos
os dias, no mundo, milhares de guarda-chuvas somem para nunca mais voltar!
Todo
mundo já perdeu um guarda-chuva! Agora eu pergunto: Alguém já achou algum?
Pois
é... E pensando sobre isso, eu cheguei à conclusão que deve existir um lugar
desconhecido para onde vão todos os guarda-chuvas perdidos! E eu imagino que
nesse lugar eles se encontram com as sombrinhas, constituem famílias e se proliferam,
se multiplicam nesse mundo paralelo que chamo aqui de: “Paraíso dos Guarda-Chuvas”!
E
minha imaginação vai mais longe ainda! Acho que o mundo será invadido e
dominado pelos guarda-chuvas!
Portanto,
se você não quiser contribuir para que essa invasão aconteça, deixe seu
guarda-chuva guardado!
Por
que a qualquer momento, poderá cair sobre nós uma chuva de guarda-chuvas e seremos
espetados por suas extremidades pontiagudas!
Mas
quem sabe também, os guarda-chuvas retornem para nos resguardar e nos proteger
dos riscos meteorológicos aos quais estamos expostos?
Bom,
pense aí! E caso você descubra o segredo de para onde vão os guarda-chuvas, por
favor, não guarde segredo!
(Caju)
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
A
OLIMPÍADA DO DIA-A-DIA
Toca
o despertador! É dada a largada! Começa mais uma maratona!
Arremesso
o cobertor para o lado e pulo da cama!
Em
primeiro lugar, preciso chegar até o banheiro para conquistar o “trono”, ou
melhor, sentar nele!
Mas
no percurso entre o meu quarto e o banheiro, existem vários obstáculos que eu
preciso superar: roupa, tênis, mochila, copo, prato, garfo... Tudo espalhado
pelo chão!
Chego
ao banheiro, ocupo o meu lugar no “trono”, solto o “bastão”, ligo o chuveiro e
me atiro na água!
Peito,
costas, dou uma arrancada na sujeira do corpo todo!
Saio
rapidamente do banho! Cada minuto é importante!
Preciso
garantir o meu lugar, sustentar minha posição!
E
a disputa por uma vaga é muito grande!
Visto
a camisa, a calça, coloco o sapato e saio correndo de casa!
O
meu desafio agora é chegar até o ponto de ônibus!
Essa
é uma etapa difícil, uma prova de rua que exige de mim, muita habilidade!
Salto
à distância sobre buracos na calçada, contorcionismo para desviar dos
retardatários, precisão ao atravessar avenidas entre os automóveis, enfim, são
movimentos sincronizados, uma verdadeira ginástica para conseguir alcançar meu
objetivo que é estar entre os
45
membros da comitiva que vai viajar até o centro da cidade!
Se
eu ficar para trás, todo o meu esforço terá sido em vão e eu não quero perder
viagem!
Dentro
do ônibus, pendurado na barra, faço uma sequência de movimentos arriscados,
evitando uma queda, até chegar o momento final da parada!
O
ônibus abre a porta e num salto duplo, eu bato com um pé no meio-fio e caio com
o outro já na calçada!
É
a reta final!
Faço
a última curva, à esquerda, contornando o poste da esquina! Cruzo a linha de
chegada e carimbo meu passaporte, ou melhor, meu cartão de ponto!
Garanto
assim, minha permanência no grupo de elite, ou seja, daqueles que estão
empregados, nesse mercado tão concorrido, onde, qualquer falha, pode te
desclassificar!
(CAJU)
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
PARABÉNS
FILHO!
Ontem
à noite, esperei o relógio marcar meia-noite para te dar parabéns pelo seu
aniversário, te dar um forte abraço e lhe dizer algumas palavras! Mas quando
entrei no quarto, meus olhos se encheram d’água, meus braços não se estenderam
e minha voz ficou embargada! E mais uma vez, você viu seu pai chorar! Sou “manteiga
derretida” mesmo e daí?! E não ri de mim não, me respeita que eu sou seu pai!
Pensando
bem, eu não tenho moral nenhuma pra te pedir para não rir de mim, né filho!
Afinal de contas, você é minha melhor plateia!
Diariamente,
quando estamos à noite em casa, eu te uso de cobaia para testar os quadros,
textos e personagens que crio e escrevo!
E
você é uma plateia da melhor qualidade! Entende meu humor “non sense”, não me
poupa de suas críticas e ainda me ajuda com suas ideias!
Você
não é um cara qualquer, você é “o cara”! E não sou eu que digo isso, essa é a
opinião de todos da família, é a opinião dos meus e dos seus amigos... E eu
concordo com eles!
Eu,
chato e implicante, nem pareço ser pai de um cara tão “de boa” como você!
Aliás, quem vê a gente junto, não acredita que somos pai e filho, tamanha
cumplicidade que temos um com o outro!
Na
verdade somos mais que pai e filho, somos parceiros, amigos, confidentes, companheiros
e claro, bagunceiros (nossa casa que o diga)!
Então
é isso filho, te desejo toda a felicidade do mundo, por que é isso que você me
proporciona! E não só desejo como faço de tudo para que você seja feliz!
TE
AMO!
(Caju)
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Sabe,
Pai, hoje o Dudu leu essa poesia lá no Graffite, e muita gente se emocionou!
Estão me perguntando onde acham o livro pra comprar! Legal demais né Pai?! Tá
arrasando hein! Os exemplares do livro que você deixou já acabaram, mas fica
tranquilo por que nós vamos mandar imprimir mais!
Tô
chorando sim Pai... O motivo é justo.
REMORSOS
A você
que é filho,
certamente
ignora,
tudo o
que lhe virá na mente,
quando
ficar sem pai.
Pai quer
que entenda,
nega,
repreende,
pra que
o filho aprenda.
Mesmo as
discórdias,
os
ressentimentos havidos,
irão
livrá-lo do remorso
e
atenuar seu choro.
Os
ponteiros dos relógios
avançam
implacavelmente,
rumo ao
fim.
E olha!
Não digo por mim!
Abrace
agora enquanto é tempo,
enquanto
há tempo
de
carinho entre filho e pai.
Depois
será ontem,
será
passado,
será
nunca.
Abrace-me
agora,
enquanto
vivemos
e estou
a seu lado,
curtindo
você.
Amando-o
muito
nesta
dimensão.
Depois
então, só lembranças,
de que
teve um pai.
(Antônio Pereira Magalhães)
terça-feira, 1 de outubro de 2013
ESTAMOS
N’ÁGUA COM ESSA SECA!
O
inverno acabou, mas o calor continua! Aliás, esse inverno foi um inferno! Que
calor é esse?
“Quem
tá na chuva é pra se molhar”! Mas cadê a chuva?
De
acordo com a previsão do tempo, quem estiver esperando cair água, pode tirar o
cavalinho da chuva!
Eu
pergunto: Tirar o cavalinho de qual chuva?
O
ser humano nunca se preocupou com a natureza e agora está pagando o pato!
Aliás, os patos também estão sem água!
A
coisa tá feia, o tempo fechou! O tempo fecha, mas não chove!
Chegou
a primavera, chegou o final do mês, chegaram as contas pra pagar, só não chegou
a chuva, ou melhor, até chegou mas não ficou nem pra tomar um cafezinho! Estava
de passagem e passou tão depressa que só deixou o “ar da graça”, água que é
bom, nada!
Como
diria Roberto Carlos: “Tá uma brasa, mora”!
Moro
sim! E onde eu moro é tão quente que esses dias bateram lá na porta de casa e
quando eu abri, era um peixe pedindo um copo d’água! Coitado!
Uma
lágrima escorreu pelo meu rosto... e o peixe rapidamente lambeu minha cara!
Isso
foi a gota d’água para mim, aliás, para o peixe!
(Caju)
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