O
OLHAR DE POLIANA
No
dia 26 de julho deste ano, assim que eu cheguei na Rádio 98FM para fazer o
programa “Graffite”, vieram me avisar que depois do programa, nós
apresentadores, iríamos visitar uma pessoa.
Naquele
dia eu estava mais mal humorado que de costume e questionei: “Visitar quem? Eu
quero ir daqui direto pra casa!”.
Foi
então que me explicaram do que se tratava.
A
direção do Hospital Luxemburgo havia ligado para a rádio dizendo que tinha uma
paciente internada lá já há algum tempo e, segundo os médicos, ela tinha uma
expectativa baixa de vida.
A
paciente se chamava Poliana, uma jovem de 15 anos que lutava contra um câncer que
tinha nos ossos.
Ao
ser perguntada pelos médicos sobre quais eram as três coisas que ela mais
gostava na vida, ela respondeu: “O Cruzeiro, Chocolate e o programa Graffite”.
Por
isso a direção do hospital resolveu nos telefonar para saber se havia a
possibilidade de irmos até lá para fazer uma visita surpresa à Poliana.
Aquilo
nos comoveu muito e nada justificaria uma recusa nossa em aceitar tal convite.
Pelo contrário, nos sentimos honrados.
Antes
de sair da rádio eu estava demasiadamente abalado, chorava, enfim, não estava
preparado para encarar aquela situação. Mas eu não podia me acovardar diante de
uma causa tão nobre!
Terminado
o programa lá fomos nós, eu, Dudu, Magela, Rodrigo Rodrigues e Rafael Mazzi,
rumo ao Hospital Luxemburgo, levando uma caixa enorme cheia de chocolates, três
camisas do Cruzeiro, um rádio com fone de ouvido, um grande urso de pelúcia e
muita energia positiva. Foi assim, de surpresa, sem dó nem piedade, que invadimos o quarto do hospital onde a
Poliana estava!
Ela
nos olhou admirada, enquanto eu admirava seu olhar! Um olhar forte, vívido,
destemido! Um olhar que enxergava além daquilo que se vê! Um olhar que eu nunca
vi igual!
Fiquei
impressionado com a valentia e coragem que aquela garota de 15 anos tinha para
enfrentar o pesadelo de sua realidade!
Nossa
visita foi numa sexta-feira, no domingo ela faria 16 anos e na segunda-feira
ela teria sua perna esquerda amputada!
Ciente
de tudo, Poliana encarava o futuro de frente, sem olhar para trás, sem abaixar
a cabeça, sem olhar para o chão!
Via-se
em seu olhar, uma força inabalável!
Quando
saímos do hospital, eu voltei pra casa com a certeza de que precisava voltar a
falar com ela, voltar a vê-la! E foi o que fiz!
No
domingo telefonei para dar os parabéns pelo seu aniversário e na segunda-feira
liguei para saber como tinha sido a cirurgia.
Quem
atendeu o celular foi a Cida, mãe da Poliana, uma guerreira, exemplo de amor e
dedicação incondicional à filha!
Desde
então, eu, Cida e Poliana passamos a nos falar com frequência, tanto pelo
celular como pessoalmente, nas vezes em que eu ia visitá-la no hospital!
Até
que ontem pela manhã meu telefone tocou e ao atendê-lo, ouvi do outro lado uma
voz que mal falava, era Cida que chorando me disse: “Caju... perdi minha
filhinha... e estou te ligando por que ela gostava muito de você”.
Ao
ouvir aquilo, a tristeza se apoderou de mim e a primeira coisa que me veio à
cabeça foi a lembrança do olhar de Poliana, agora oculto sob seus olhos
cerrados.
Muita
força a todos os familiares, amigos e principalmente à Cida.
E
à Poliana o meu muito obrigado pela lição de força e coragem.